Prevenção na estrada

Aproxima-se o período de interrupção letiva do Natal e fim de ano, com as tradicionais festas de família e celebrações. A troca de mensagens e o consumo de álcool aumentam… E os acidentes na estrada, envolvendo jovens, também…

Este artigo, retirado da revista Forum Estudante (online), de maio de 2021, serve como alerta no sentido da prevenção do risco.

Há cinco fatores identificados como principais causas para a morte de jovens nas estradas: uso do telemóvel ao volante, consumo de álcool ou drogas, fadiga, não utilização do cinto de segurança e excesso de velocidade. 

 

#1 Uso do telemóvel

De acordo com os dados de 2018 fornecidos pela GNR e pela PSP, a utilização de telemóvel ao volante continua a aumentar em Portugal. Por dia, foram passadas, em média, 115 multas por dia, num total de 29 mil. De acordo com os dados da Brisa, Portugal é mesmo um dos piores países da Europa neste tópico: 31% dos portugueses admitem enviar e ler SMS enquanto conduzem e 59% dizem já ter falado ao telemóvel enquanto conduziam. 

Apesar desta prática generalizada, talvez poucos saibam que, de acordo com a mesma fonte, enviar mensagens a conduzir aumenta em 800% o risco de acidente. Em comparação, destaca a ANSR, um jovem que utilize o telemóvel ao volante adquire um tempo de reação equivalente a uma pessoa que tenha 0,8 g/L no sangue. No total, mostra um estudo recente, conduzir o telemóvel ao volante significa multiplicar por 23 o risco de acidente, uma vez que, em média, o condutor tira os olhos da estrada de 5 em 5 segundos.

#2 Consumo de álcool ou drogas

O álcool e as drogas possuem um efeito muito relevante para o acto da condução: alteram os reflexos, a coordenação dos movimentos e a capacidade de perceção. Isso faz com que interfiram muito significativamente na capacidade de condução. É a própria ANSR que deixa o aviso: “Regra geral, quando se admite que se está a chegar ao ponto crítico, há muito que este já foi ultrapassado”

De acordo com os dados partilhados pelo portal Circula Seguro, os números são preocupantes e ilustrativos: de todas as vítimas mortais em acidentes de viação, quase metade conjugava com drogas com uma taxa de álcool no sangue superior a 1 g/L de sangue. Por outro lado, 8,3% dos condutores acusaram a presença de substâncias estupefacientes.

Nas contas do álcool, há ainda uma informação muito importante. A decomposição é feita ao ritmo de 0,1 g/L por hora, o que realça a importância de seguir a velha máxima “Se conduzir, não beba”.

#3 Cansaço ou Fadiga

Este é o fator mais desvalorizado de todas as principais causas de acidentes e mortes na estrada. É habitual encontrar a opinião (errada) “tudo se resolve com um uns cafés e umas bebidas energéticas”. Também há quem ofereça soluções mais inusitadas, como abrir janelas ou colocar o rádio no máximo. 

Nunca será demais realçar que nenhuma destas soluções funciona. Para termo de comparação, 19 horas sem dormir equivale a conduzir com uma taxa de álcool no sangue de 0,5 g/L. E as coisas só pioram, a partir daqui. Depois de 24 horas, esse número duplica para 1 g/L. Tudo isto implica níveis de concentração mais baixos, bem como reflexos e tempos de resposta mais lentos. Sem esquecer aquela que continua a ser uma das principais causas de mortes na estrada: adormecer ao volante.

#4 Não utilização do cinto de segurança

É pura física que explica a importância do cinto de segurança. Num carro que siga a 50 Km/h, um choque do veículo implica que um passageiro ou condutor sem cinto adquiram uma força equivalente a cerca de 49 vezes o seu peso. Ou seja, alguém com 70 Kg levará uma força equivalente a 3,5 toneladas. Esta força terá consequências na altura de embater com o interior do veículo, mas não só: também dos órgãos internos contra a estrutura óssea do corpo. O saldo final é significativo: usar o cinto implica reduzir em 40% o risco de morte, no caso dos passageiros dos bancos da frente.

Ainda que o seu uso possa parecer uma opção natural por parte de condutores e passageiros, em Portugal, a realidade mostra-nos algo diferente. Um estudo de 2017 da Prevenção Rodoviária Portuguesa mostrou que 70% dos passageiros não utiliza cinto, no banco de trás, colocando-se em risco.

#5 Excesso de velocidade

Ao diminuir consideravelmente o tempo de processamento da informação e de tomada de decisões, a velocidade continua a ser a principal causa de sinistralidade rodoviária. 

Como se não fosse suficiente, a velocidade torna o veículo mais difícil de controlar, aumentando a distância de travagem, por exemplo, reduzindo ainda o campo de visão de um condutor. Tudo dados que explicam por que razão a velocidade é “a principal causa de morte em acidentes rodoviários” em Portugal, revelou à Rádio Renascença o especialista em Dinâmica de Acidentes Rodoviários, João Dias. 

O impacto da velocidade não se relaciona apenas com a causa do acidente, sendo um fator exponencial quanto à sua gravidade. Um risco que fica claro num exemplo: no caso de um condutor que visualize uma criança a 15 metros de distância, um carro a 30 Km/h evitaria o acidente. A 60 Km/h, a mesma criança terá 20% de hipóteses de sobreviver.

https://forum.pt/capital-jovem-da-seguranca-rodoviaria/as-5-principais-causas-de-morte-na-estrada-para-os-jovens (Forum Estudante, 21 maio 2021)

Professora: Clara Carvalho

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